Não é segredo para ninguém que um dos temas que o gênero de Terror mais gosta de explorar no cinema é o catolicismo, especialmente os membros que são responsáveis por cultivar e espalhar a palavra da religião, ou seja, padres, freiras, etc. Não é à toa que temos tantos filmes de exorcismo por aí, e de freiras passando por situações que desafiam sua fé, como a própria franquia A Freira, derivada de Invocação do Mal. Exemplos não faltam, mas direcionando o foco no assunto da discussão, temos ‘’Imaculada’’, longa da NEON que é produzido estrelado e produzido por Sydney Sweeney (Todos Menos Você), atriz da nova geração, que apareceu para o mundo na controversa série Euphoria, que lhe rendeu até indicação ao Emmy de Atriz.
Cecilia, personagem de Sydney, é uma freira dos Estados Unidos que resolve ir para um convento na Itália. Não demora muito para ela começar a presenciar eventos de estranha natureza por lá, incluindo até mesmo, uma gravidez inesperada.
Para ser sincero, são poucos elementos de Imaculada que se destacam. A direção de Michael Mohan é pouco inspirada, e em nenhum momento se propõe a criar takes que evoquem o sentimento que o Terror deve gerar no espectador. Sem falar que existe uma incoerência enquanto proposta, pois primeiramente se estabelece a ideia de um terror psicológico, mas de vez em quando, surgem inserções de jumpscare, recurso amplamente utilizado no gênero atualmente, e que acabou se tornando um clichê não tão bem aceito pela audiência.
A trama até traz temas de uma forte relevância, como a questão da independência feminina e dos direitos sob o próprio corpo, mas nada que ao longo de sua 1 hora e 28 minutos seja bastante explorado. A julgar pela duração, era de se esperar que o longa fosse mais direto ao ponto e certeiro em sua proposta, mas a produção se importa até demais com segmentos que realmente não parecem que deveriam ser tão enfatizados. O momento em que Imaculada triunfa narrativamente é em sua sequência final, que genuinamente é bem executada e se encaixa de maneira positiva com o resto do filme.
Se tratando de atuações, dá para dizer que Sydney Sweeney realmente carrega o filme nas costas (ou seria no ventre?). A atriz ainda demonstra ter uma timidez perante aos papeis que escolhe fazer em sua promissora carreira, mas aos poucos, está mostrando facetas variadas, e dado o contexto que o filme promove, ela conseguiu entregar um bom arquétipo de final girl, muito comum no Terror, além de passar um ar de inocência que sua personagem precisa ter, especialmente no início do filme. Quem também está presente em Imaculada é Álvaro Morte (La Casa de Papel), na pele do padre Sal Tedeschi, um personagem que de maneira gradual, demonstra ser uma das figuras mais importantes deste misterioso convento, sendo até temido por algumas freiras. O resto do elenco secundário age de maneira operante, servindo completamente ao básico que o filme entrega.
Algo que também acredito que merece um destaque em Imaculada é sua trilha sonora. Com toques que remetem a clássicos dos anos 70, as músicas entram de uma maneira sutil dentro do filme, mas que ajudam a inserir na ambientação, essa que não é plenamente explorada ao longo da trama, com exceção de uma cena em que há uma espécie de culto relacionado à gravidez de Cecilia. Como citado anteriormente, o final do filme é certamente o ponto alto, e muito por conta da boa atuação de Sydney, e acredito que pode ser o momento que mais gere discussões entre as pessoas que assistirem a esse filme.
Contendo boas ideias mas possuindo uma execução ruim, Imaculada é artificial em grande parte do tempo, mas a atuação de Sydney Sweeney gera uma curiosidade, que infelizmente é o único elemento presente no filme que genuinamente gera um interesse, que não cumpre seu principal propósito, o de assustar.