Outro dia ouvindo o podcast “Para dar nome as coisas” de Natália Sousa me deparei com essa pergunta, “você tem tempo pra viver?”, confesso que na hora paralisei, quase como em um movimento automático fui levada a reflexão, coisa que a Natália faz muito bem, foi difícil sustentar que eu sabia a resposta e que essa resposta não era o que eu queria para mim. Talvez até você agora tenha tentado responder essa pergunta para si.
Nos últimos meses tenho me questionado muito sobre meu estilo de vida, sobre rotinas e trabalho, pensei sobre como meu tempo tem sido ocupado, para onde minha energia está sendo direcionada. E aí me vem um questionamento muito importante, estou vivendo ou sobrevivendo?
As vezes consigo me ver perfeitamente como uma máquina do sistema, do capitalismo, por mais que eu queira sair dessa realidade, muitas coisas que não estão completamente ao meu alcance me impedem de mudar.
Não dá para simplesmente largar tudo e vender minha arte na praia, existe uma base que me e nos sustenta nesse mecanismo, seja um trabalho que é a única fonte de renda, mesmo que tire nossa saúde mental, seja por medo de encarar as incertezas de um trabalho novo ou a busca por ele, seja pelo fato de não conhecer outra realidade, ou seja, os motivos são muitos, mas a necessidade de viver também.
Viver no modo sobrevivência nos mantem viva, mas não podemos deixar de questionar que vida é essa. É importante olhar para nossa realidade e compreender onde estamos nela, o que temos feito verdadeiramente por nós.
É imprescindível que olhemos também para nossas relações e o que tem nos nutrido nesse tempo. Das coisas que fazemos o que é nosso e o que é pelo outro. É muito pesado estar sempre no modo sobrevivência, cansa, esgota, adoece, é uma vida morta.
Não é à toa que esta pergunta para mim é tão cara, a vida passa, ela não para esperando que eu tenha um insight, um estalo, e de um dia para o outro perceba que tudo está errado e preciso mudar. Não é assim que a banda toca, não é mesmo?
Por mais que eu me dê conta do que não quero viver, não tenho como jogar tudo para o alto e dizer chega, a partir de amanhã serei uma nova mulher, por mais que para algumas pessoas isso possa acontecer, no entanto são poucos privilegiados.
A mudança também pode acontecer nas pequenas coisas, inicialmente tomar consciência da sua realidade, é o essencial, e em seguida ir fazendo o que é possível para você com as ferramentas que você tem naquele momento. Direcionar sua energia para o que realmente fará sentido na sua vida. Esses tem sido passos que levo para minha vida. Sinceramente o modo sobrevivência não me satisfaz, apesar de ter consciência que é o que me mantem viva, mas eu, meu amigo leitor, quero mais, quero viver, e você?
Glaciliana Angelo
Psicóloga Clínica - CRP 11/12950
@glacilianaangelo