À essa altura, já é possível afirmar: Missão: Impossível é, inegavelmente, uma das maiores franquias de ação de todos os tempos. O primeiro filme foi lançado em 1996 com direção de Brian De Palma, sendo uma adaptação cinematográfica da série de TV dos anos 1960.
O longa foi bem recebido, com um elenco estelar que incluía Jon Voight, Jean Reno, Emilio Estevez e, claro, Tom Cruise como Ethan Hunt, o espião que se tornaria ícone do gênero.
Em 2000, a sequência chegou com a assinatura de John Woo, entregando o filme mais divisivo da franquia. Muitos criticam seu tom exagerado, mas há quem admire a tentativa de Woo de imprimir sua marca estilística.
O terceiro filme só viria seis anos depois, agora com J.J. Abrams na direção. Apesar de não ser um marco, foi bem recebido, especialmente pela atuação marcante de Philip Seymour Hoffman como o vilão Owen Davian.
Já em 2011, Brad Bird, conhecido por Os Incríveis, assumiu a direção de Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, que começou a moldar a fórmula definitiva da franquia. Quem viu não esquece da icônica sequência no Burj Khalifa, em Dubai — o prédio mais alto do mundo.
A partir de Missão: Impossível – Nação Secreta (2015), a franquia passou a ser comandada por Christopher McQuarrie, que permanece à frente até hoje, consolidando a identidade da série.
Chegamos agora ao oitavo capítulo, Missão: Impossível – O Acerto Final (2025), continuação direta de Acerto de Contas – Parte Um (2023). Dessa vez, o inimigo é mais atual do que nunca: A Entidade, uma inteligência artificial com poder destrutivo global, capaz de infiltrar os sistemas de defesa mais sofisticados do planeta.
Ethan Hunt, novamente atuando à margem das autoridades, precisa impedir a ameaça, e conta com o apoio de sua equipe: Grace (Hayley Atwell), Paris (Pom Klementieff), Benji (Simon Pegg), Degas (Greg Tarzan Davis), Luther (Ving Rhames) e uma participação surpresa que remete ao primeiro filme.
O longa revisita com estilo elementos de direção dos filmes anteriores — especialmente o de 1996 — evocando ângulos e enquadramentos que trazem uma forte carga nostálgica.
Falar da atuação de Tom Cruise como Ethan Hunt é chover no molhado. Aos 62 anos, o ator ainda impressiona com cenas de tirar o fôlego — como a já divulgada sequência em que ele fica pendurado de cabeça para baixo fora de um monomotor. É evidente o carinho que Cruise tem por esse personagem, que ajudou a solidificá-lo como um ícone do cinema de ação.
Apesar disso, há ressalvas. O primeiro ato sofre com uma necessidade excessiva de recapitulação. Como tentativa de amarrar pontas e criar um desfecho à altura, o filme opta por revisitar diversos eventos dos títulos anteriores — o que compromete um pouco o ritmo e tira a essência de mistério e espionagem que sempre foi uma marca da série.
Ainda assim, O Acerto Final se beneficia de sua longa trajetória. Pela primeira vez, a sensação de risco é real — personagens queridos parecem estar em perigo constante. O vilão Gabriel (Esai Morales) repete o fraco impacto da Parte Um, mas não compromete o andamento da história.
Embora carregue um ar de conclusão, o longa não fecha todas as portas. Pode ser o fim da linha para Ethan Hunt, ou apenas uma pausa. O maior desafio para o futuro da franquia será imaginar seu universo sem Tom Cruise — algo que parece quase impensável.
Para quem busca um bom filme de ação, O Acerto Final entrega cenas espetaculares. Mas para os fãs de longa data, o filme também funciona como uma recompensa emocional: uma celebração nostálgica e eletrizante de quase três décadas de espionagem, acrobacias e missões (quase) impossíveis.