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Cracolândia vazia: moradores relatam dispersão de usuários por São Paulo

Dependentes químicos deixaram a Rua dos Protestantes, mas foram vistos em outros pontos do centro; Prefeito Ricardo Nunes se diz “surpreso” com mudança

Por: Wesley Cavalcante Fonte: CNN BRASIL
14/05/2025 às 09h06 Atualizada em 19/05/2025 às 11h05
Cracolândia vazia: moradores relatam dispersão de usuários por São Paulo
Foto: Reprodução / cracoresiste

A Rua dos Protestantes, tradicional ponto de concentração da Cracolândia na região da Santa Ifigênia, amanheceu com um cenário diferente nesta semana: o fluxo de usuários de entorpecentes, como é conhecida a aglomeração na região central de São Paulo, praticamente desapareceu.

Apesar do esvaziamento do antigo ponto de concentração, moradores da região observaram que os usuários se deslocaram para outros locais do centro, incluindo a região do Minhocão, Santa Cecília e outras avenidas da cidade. 

comerciantes do entorno da Rua dos Protestantes demonstraram relutância em comentar o desaparecimento repentino dos usuários. Um deles mencionou que a saída ocorreu após “uma ordem”, mas se recusou a fornecer mais detalhes.

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Em coletiva de imprensa na terça-feira (13), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), comentou o recente esvaziamento, atribuindo-o a um trabalho contínuo da prefeitura e do governo estadual e à desarticulação do tráfico de drogas na região.

Nunes expressou surpresa com a mudança: “Surpreendeu, verdadeiramente, obviamente que a gente já vinha reduzindo gradativamente, todos os dias vinha reduzindo a quantidade de pessoas lá”.

Ele também apontou possíveis associações com ações da polícia na Favela do Moinho, que desarticulou o tráfico na área. “A gente já tem pré-informações de que existe uma movimentação para um outro local e o que que a gente vai estar fazendo? Como a gente está fazendo desde 2022. É trabalho todo dia”, explicou.

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“A gente vai vencer. Não diria que hoje ainda está resolvido, mas nós estamos caminhando para poder resolver essa situação”, garantiu.

O vice-prefeito de São Paulo, Coronel Mello Araújo, celebrou publicamente a redução do fluxo em suas redes sociais, parabenizando a atuação da GCM e de outras forças de segurança. Em suas postagens, afirmou que “a imprensa está inconformada porque não há dependentes químicos” e compartilhou imagens de suas próprias abordagens a usuários na região.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou uma nota detalhando o que define como “as ações que levaram à redução expressiva do número de pessoas na área entre a Rua dos Protestantes e a General Couto Magalhães”.

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Segundo a pasta, o secretário Guilherme Derrite enfatizou o foco no “combate ao tráfico de drogas desde o início da gestão”, que teria “asfixiado financeiramente o crime organizado, desestabilizando a estrutura que mantinha o fluxo”.

As medidas implementadas pela SSP incluíram apreensões de drogas, prisões de lideranças, fechamento de estabelecimentos usados para lavagem de dinheiro, reforço no policiamento e intensificação de investigações. A secretaria também aponta para a queda nos índices de criminalidade na região central em 2024: roubos diminuíram 43,9% e furtos, 28,8% em comparação com o ano anterior.

O governo estadual também destacou o investimento em novas unidades policiais na região central e o treinamento de policiais para aprimorar a abordagem de pessoas em vulnerabilidade. A Polícia Militar realizará a separação entre criminosos e dependentes químicos, com estes sendo encaminhados para o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas para tratamento. A instalação de câmeras de monitoramento com foco na captura de procurados é igualmente apontada como um fator para o afastamento de criminosos.

O tenente-coronel Rodrigo Villardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da SSP, informou a captura de cerca de 4 mil foragidos da Justiça na área do fluxo desde janeiro de 2023. No centro da capital, foram presas 15,7 mil pessoas, apreendidas 505 armas de fogo e recuperados mais de 1,2 mil veículos, além de 6,5 toneladas de drogas apreendidas em 27 meses.

Investigações do Denarc desmantelaram o sistema financeiro do crime organizado na região, resultando no fechamento judicial de hotéis e pensões usados para lavagem de dinheiro e como ponto de uso e distribuição de drogas, bem como na investigação de ferros velhos, com a apreensão de mais de R$ 200 milhões em bens.

Movimento denuncia violência
Em contrapartida, o movimento social A Craco Resiste denunciou nas redes sociais uma nova onda de violência por parte da Guarda Civil Metropolitana (GCM) como a principal causa do esvaziamento da Rua dos Protestantes. O movimento afirma que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em parceria com o governo de Tarcísio de Freitas (PL), estaria reeditando a política da “Operação Dor e Sofrimento” de 2012, dispersando usuários “na pancada”.

Relatos colhidos pelo projeto de extensão universitária do A Craco Resiste, em parceria com a USP e a Unifesp, indicam um aumento da violência nas abordagens da GCM, com relatos de agressões no rosto e na cabeça, uso de spray de pimenta e apropriação de pertences. O movimento critica as dificuldades de acesso à água, revistas vexatórias e humilhações, classificando a situação como “tortura a céu aberto”.

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