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Regional Ceará

Estelionatários fingem ser integrantes de facção e exigem dinheiro no Ceará

Os ataques aos provedores de internet no Ceará foram motivados por facção criminosa que cobrava dinheiro para o serviço funcionar. Os suspeitos de estelionato se aproveitaram da situação e fingiam que eram parte do grupo criminoso para também tentar conseguir dinheiro com esses estabelecimentos.

07/04/2025 10h19
Por: Wesley Cavalcante Fonte: G1/CE
Foto: Divulgação / SSPDS
Foto: Divulgação / SSPDS

Estelionatários fingiram ser integrantes de uma facção criminosa para ameaçar empresas de internet no Ceará. O objetivo dos criminosos era se valer da onda de ataques a provedores que o estado viveu, e também conseguir dinheiro dos estabelecimentos. A informação foi repassada ao g1 pelo promotor de Justiça, Adriano Saraiva, coordenador do Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Ceará (MPCE).

Os ataques foram organizados pelo Comando Vermelho, que exigia dinheiro dos serviços de internet. Segundo o promotor, os estelionatários se aproveitaram da situação e faziam as ameaças por ligações telefônicas a pequenas empresas de internet, cobrando até R$ 30 por cliente. As ameaças aconteceram em Fortaleza e no interior do estado, mas o promotor não detalhou em quais cidades.

“A gente identificou através dos antecedentes e também que nessas localidades não há área de domínio nem de atuação do Comando Vermelho. Então isso deixou realmente claro que eles estavam apenas usando isso para tentar intimidar as pessoas e elas cederem e passarem o dinheiro para eles”, reforçou o promotor. Ele disse ainda que alguns dos suspeitos identificados admitiram a estratégia criminosa.

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Contexto: Os ataques coordenados pelo Comando Vermelho contra os provedores de internet no Ceará têm ocorrido desde fevereiro. Municípios como Fortaleza, Caucaia, São Gonçalo do Amarane e Caridade registraram ataques. Pelo menos, cinco empresas foram atacadas. Os criminosos exigem dinheiro das operadoras de internet para permitir a oferta do serviço e promovem ações de retaliação contra as provedoras que recusam pagar a "taxa".

Foram identificados cerca de dez casos de estelionato através de denúncias anônimas recebidas por um canal do MPCE. Apesar de os dez criminosos já terem sido identificados, ainda não houve prisões desses estelionatários. No entanto, o promotor disse que alguns já respondem por processos anteriores também pelo crime de estelionato.

O promotor Adriano Silva explicou também que os suspeitos investigados pelo Ministério Público não têm relação com nenhuma facção criminosa.

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“A gente conseguiu identificar essas pessoas, conseguimos o endereço e realizamos uma investigação, e identificamos que essas pessoas na verdade não tinham absolutamente nada a ver com facção criminosa. Elas eram estelionatárias, estavam se aproveitando do temor que as pessoas têm das facções, em razão da violência que elas usam”, disse o promotor.

O g1 questionou a Secretaria da Segurança Pública do Ceará sobre os casos. Em nota, o órgão disse apenas que a Polícia Civil orienta que possíveis casos de estelionatos sejam registrados por meio de boletim de ocorrência, que pode ser registrado presencialmente, em qualquer unidade, ou por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron).

46 presos

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Uma empresa provedora de internet no Ceará voltou a ser alvo de ataque de criminosos. O mais recente ocorreu na sexta-feira (4), na cidade de Caucaia, e o suspeito foi preso. O suspeito preso, conforme a Secretaria da Segurança Pública, extorquia da empresa e exigia dinheiro para "autorizar" o serviço de internet na região. Por não conseguir o valor exigido, ele quebrou as câmeras de segurança e vandalizou o portão da entrada da empresa.

Com a prisão dele, subiu para 46 o número de capturados suspeitos de envolvimentos nos ataques. Anteriormente, mais cinco pessoas foram presas na operação que investiga os ataques a provedores de internet no Ceará, de acordo com o balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Estado na última quinta-feira (3).

A ação faz parte da Operação Strike, e a nova fase teve início no último dia 28. As últimas cinco pessoas, com idades entre 38 e 57 anos, foram autuadas em flagrante pelos crimes de operar atividades de telecomunicações de forma clandestina, furto de energia e receptação.

Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a SSPDS também fiscalizou irregularidades em provedores em áreas afetadas pela interrupção de links de internet e verificou denúncias relacionadas a esses serviços. Alguns provedores foram interditados

Foram alvos da nova fase diversos provedores de internet nos municípios de Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza, abrangendo os bairros do Pirambu, Barra do Ceará, Vila Velha, Jardim Iracema, Jardim Guanabara, Cristo Redentor, Carlito Pamplona e Álvaro Weyne. Durante as fiscalizações, alguns provedores foram interditados administrativamente devido a irregularidades constatadas.

Prisões de envolvidos nos ataques a empresas de internet:
21 de fevereiro: quatro traficantes foram presos por crimes como tráfico de droga e homicídio; à época das prisões, eles não eram investigados pelos ataques às empresas, mas a polícia apontou o envolvimento deles após investigações.
1ª fase da operação Strike, 12 de março: 17 membros de facção foram presos pela série de ataques a empresas;
2ª fase da operação Strike, 14 de março: 7 foram capturados e empresas ilegais comandadas por facção criminosa são fechadas;
25 de março: um guarda municipal de Fortaleza e três comparsas foram presos suspeitos de envolvimento nos crimes.
3ª fase da operação Strike, 27 de março: 8 foram detidos na cidade de Caridade, a mais afetadas pelos ataques.
4ª fase da operação Strike, 28 de março: 5 pessoas foram autuadas em flagrante por crimes de desenvolver atividades de telecomunicações de forma clandestina, furto de energia e receptação.

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