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Após ataques, provedores de internet no Ceará perdem 10 mil clientes e 200 pessoas são demitidas

Para controlar serviço, grupos criminosos queimam equipamentos e ameaçam funcionários de prestadoras.

02/04/2025 08h17 Atualizada há 3 semanas
Por: Redação Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE
Foto: Divulgação / Redes Sociais
Foto: Divulgação / Redes Sociais

Os pequenos provedores de internet e serviços de telefonia do Ceará seguem sentindo os impactos dos ataques realizados por grupos criminosos. Essas empresas já perderam 10 mil clientes devido às ameaças e ataques criminosos, segundo a Associação dos Provedores Do Ceará (Uniproce). O cenário resultou no fechamento de quinze provedores e na demissão de cerca de 200 colaboradores.

A Uniproce não informou em quais cidades houve fechamento de empresas e perdas de contratos. Segundo a associação, há uma sensação de melhora na crise de ataques criminosos.

A Brisanet, uma das grandes empresas de telecomunicações que opera no Ceará, também registra impactos. A empresa perdeu dois mil clientes em Fortaleza e em Caucaia em meio aos ataques.

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Os grupos criminosos, principalmente o Comando Vermelho, tem intensificado ataques a empresas de telecomunicações do Ceará pelo menos desde fevereiro. Há registros de incêndios a lojas e carros das prestadoras, além de ameaças aos funcionários.

As empresas são ameaçadas a se associar aos grupos criminosos, com pagamento de até 60% dos ganhos para seguir operando. Os criminosos chegam a prometer que, em caso de acordo fechado, moradores de determinadas regiões serão ordenados a contratar somente aquela empresa.

Os atos de vandalismo e destruição ocorrem como ameaça ou retaliação em caso de a empresa não aceitar a associação.

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PEQUENAS PRESTADORAS SÃO AS MAIS AFETADAS

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) aponta que a crise é ainda mais alarmante para as empresas de pequeno porte, que correspondem a 60% da banda larga fixa no Brasil.

Em caso de perda de infraestrutura seguida de perda de clientes, as empresas podem não se recuperar financeiramente, já que dependem do retorno dos investimentos — o pagamento dos contratos.

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Uma das empresas que encerrou as operações foi a GPX Telecom, que atuava há nove anos no município de Caucaia. A provedora revelou que teve toda a estrutura destruída, impossibilitando a continuidade do serviço.

“Infelizmente, em menos de 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto esforço e comprometimento, levando-nos a tomar a difícil decisão de encerrar nossas operações”, afirmou a empresa ao anunciar o fechamento. 

Thiago Ayub, pesquisador da área de tecnologia da informação, já havia avaliado ao Diário do Nordeste que o mercado de telecomunicações deve perder competitividade e qualidade se a situação se prolongar. 

“O Brasil é o país com mais provedores de internet do mundo. Esse mercado até então próspero criou algo que os brasileiros não estão acostumados: deflação. Não só há anos o valor médio da internet fixa não muda (em torno de R$100 mensais) como anualmente os provedores oferecem planos maiores pelo mesmo preço”, explicou.

O especialista também destacou a importância dos provedores para gerar postos de trabalho na área da tecnologia em regiões periférica. 

“São vetores de prosperidade e riqueza para os bairros onde atuam e são sediados. O fechamento desses provedores impactará na economia local também pela menor circulação de renda”, apontou. 

RECUPERAÇÃO É IMPROVÁVEL

A Abrint aponta que, sem uma ação energética das forças de segurança, as provedoras em localidades tomadas pelos grupos criminosos podem não conseguir retomar os serviços.

Uma ação integrada de forças de segurança do Ceará realizou a prisão de pelo menos quarenta suspeitos. As diligências buscam identificar suspeitos dos ataques e interromper a operação de provedores clandestinos. 

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