A vida virou uma eterna corrida sem pódio

Correr, correr, correr, você já se deu conta do quanto sempre estamos apressados ou atrasados para alguma coisa?

Parece que não ter horários vagos se tornou o hype do momento, que na verdade já faz um tempinho que estamos vivendo isso. Não sei vocês, mas eu já corri tanto na vida que estou cansada desse modo de funcionar, de não ter tempo para deitar no sofá e ficar lá com a TV ligada, mesmo sem saber nem o que está passando, só para ficar lá, sem pensar em nada de urgente para fazer nos próximos 60 minutos.

Onde iremos chegar com tanta correria? Já parou para pensar meu caro leitor? Eu já, e não gostei. 

Quando eu estava escrevendo esse início de texto me veio um sorrisinho sarcástico, daqueles que no final a gente ainda fala, “é ri pra não chorar”, pois bem, olhar para essa realidade não é uma tarefa fácil, estamos cada vez mais mergulhados nessa situação de não-vida, existindo apenas pelo trabalho, a verdade é que a gente se acostumou a apenas sobreviver.

E é triste chegar a essa conclusão, pois essa vida de sobrevivência vem carregada de muito sofrimento, sonhos engavetados e muita frustração. No entanto, por mais que tomemos consciência disso hoje não dá para resolvê-la em um passe de mágica e ainda tem o sistema opressor em que vivemos, o qual o tempo todo nos coloca para esse lugar de não-vida, para essa corrida sem pódio, sem méritos, mas talvez com alguma dose de falsas alegrias.

Durante um bom tempo me inquietei muito com essas questões, a ponto de adoecer mesmo, não repitam isso. Sempre me questionava que tipo de existência estava tendo, se eu já estava morta em vida, é forte pensar assim, porém mais forte ainda é viver assim.

Imagina uma vida em que você não tem tempo para viver, para procrastinar (porque não?), para estar com pessoas que você ama? Mas aí tem outro ponto, quando o tempo surge você não tem disposição para estar lá, o cansaço da correria que você passou naquele dia ou semana só te pede para cair na cama e aguardar o novo dia, e aí em que momento sobra energia para o contato social tão necessário para a condição humana, para a saúde mental de qualquer pessoa. 

Precisamos olhar para a nossa realidade com mais carinho e menos alienação, buscar pequenas melhorias, as quais podem até parecer insignificantes naquele momento, como dar um pouco de atenção ao pet ou conversar um pouco com quem se ama após um dia exaustivo de trabalho, são atitudes simples, mas potentes.

Se continuarmos nessa corrida desenfreada em que estamos, em um piscar de olhos passarão 20 anos e nem perceberemos, ou seja, nem viveremos.

Então meu querido leitor, olhe para sua vida hoje e se pergunte: estou vivendo ou só sobrevivendo? Me orgulharei da vida que estou tendo hoje? O que tenho feito por mim? Lembre-se, a mudança sempre deve acontecer de dentro para fora e não precisa vir carregada de grandes revoluções, mas de simples gestos que fazem sentido para você.