“Hoje estou estranhamente ansiosa, coração acelerado e apertado, corpo um pouco rígido, ombros pesados, confesso que não sei explicar de onde vem essa sensação. Aparentemente eu estava bem, acordei com disposição, tomei um bom café da manhã, consegui contemplar o meu início de dia, mas agora após chegar aqui no trabalho veio esse turbilhão de sensações, será que é por causa do trabalho? Será que é minha dificuldade de aceitar o tempo das coisas? Do nada me senti assim”.
Talvez nesse relato eu esteja falando sobre você, ou sobre mim, ou sobre nós e esse “nós” se refere a muita gente, pois a ansiedade na nossa sociedade se tornou mais comum do que poderíamos imaginar. E diferente do que muita gente pensa ela nunca vem do nada, pelo contrário, a ansiedade vai ganhando cada vez mais espaços no nosso corpo, crescendo conforme vamos acumulando situações inacabadas ao longo da vida e dentre elas estão nossas próprias emoções.
Infelizmente uma das coisas que mais perdemos na fase adulta é nossa autenticidade e com ela vai junto quem somos, passamos a buscar ser quem agrada, quem cabe nos moldes exigidos pela sociedade. E assim a sensação de perdido, de não se reconhecer na própria pele vai prevalecendo gerando também cada vez mais ansiedade e desconexão de si.
Veja bem meu caro leitor, não estou aqui tentando identificar uma causa para a ansiedade, não é sobre o porquê, até porque não existe uma causa única que explique a ansiedade patológica, mas trago aqui uma reflexão para alguns dos caminhos que nos levam a esse lugar, e um deles é a perda de nossa autenticidade, gerando medo e rigidez em todos os processos que vivenciamos.
Por exemplo, no relato acima, eu trouxe sobre uma pessoa que sentiu ansiedade no trabalho, mas não necessariamente o trabalho da pessoa é de todo ruim, talvez não seja o que ela idealizou para si, talvez ela internamente já decidiu não permanecer por lá, mas as questões sociais ou o medo de enfrentar o incerto a obrigue a ficar onde não deseja mais.
Então racionalmente ela fica, talvez por medo de lidar com o futuro desconhecido que sua saída poderia significar, mas isso não quer dizer que o corpo está alinhado com essa decisão, pois ele continua reagindo mesmo diante de tanta emoção reprimida. Dessa forma a pessoa passa a viver no futuro, o agora fica indesejado demais, como se ela tivesse a certeza que tudo dará errado, assim a angústia toma todo o espaço, mas sem a ação necessária para a mudança.
Quando baseamos nossas escolhas no medo do futuro, ou no medo do julgamento do outro, vamos aos pouquinhos nos perdendo de quem somos, perdendo nossa autenticidade. Dessa forma, quando as decisões estão totalmente desconectadas das nossas necessidades e desejos certamente irá gerar muita insegurança, pois estamos lidando com o que não é nosso, ou seja, o que na verdade não faz sentido para nós.
É preciso voltar a si, olhar para as próprias necessidades e entender que a vida é cíclica e muito dinâmica. E só será possível lidar com isso conhecendo a si próprio e aceitando quem se é.
Glaciliana Angelo
Psicóloga Clínica - CRP 11/12950
@glacilianaangelo
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