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Internacional Crítica

Better Man (2024): Com energia única e hipnotizante, cinebiografia musical de Robbie Williams apresenta um cartão de visitas do artista e do britpop

I don't wanna rock... DJ.

13/03/2025 11h34
Por: Gabriel Araújo
Imagem promocional de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures
Imagem promocional de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

Se você cresceu nos anos 2000 ouvindo música internacional, é impossível não ter ouvido falar de Robbie Williams. O cantor britânico esteve no topo das paradas nesse período, especialmente aqui no Brasil, já que cinco de suas músicas fizeram parte de trilhas sonoras de novelas (lembra da Sexed Up em Mulheres Apaixonadas?)

Até mesmo antes dessa década ele já fazia sucesso, fazendo parte do Take That, boyband da cena noventista da Inglaterra, embalando a ‘’segunda invasão britânica’’, que ficou conhecida também como ‘’cool britannia’’ ou ‘’britpop’’, movimento artístico que englobava não só a música, expressando a juventude da Grã-Bretanha.

Cena de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

Dentre a onda de cinebiografias que atualmente vemos no cinema, foi anunciada a de Robbie, mas ela teria um elemento peculiar. Além de ser musical, o filme seria protagonizado por um… macaco. Quando foi pensada na ideia da produção, Williams queria que sua representação no longa fosse animalesca, pois sentia que isso combinaria com sua história, mas o diretor Michael Gracey (já familiarizado com o cinema musical) sugeriu que sua versão biográfica fosse um macaco. 

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Se você assiste ao filme, percebe a semelhança do macaco em CGI com César, o protagonista da recente trilogia de Planeta dos Macacos, e isso não é por acaso, já que os efeitos visuais (indicados ao Oscar 2025) foram feitos pela mesma equipe. Tinha tudo para não funcionar e causar uma estranheza, mas na verdade o risco se torna um dos principais elementos que tornam Better Man destoante de tudo que foi feito recentemente de cinebiografias. 

Cena de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

O longa possui características comuns presentes nesse tipo de obra, ou seja, espere ver a infância do artista, sua ascensão, sua queda, problemas interpessoais, etc. Mas o que muda aqui é a forma que o filme aplica isso, deixando de ser uma obrigação narrativa e tornando meios de compor a história e estética do musical. E eu aposto que você deve estar se perguntando: Mas não ficou estranho o protagonista ser um macaco e todo o resto ser humano? 

E a resposta é: Não

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Ao assumir um tom mais fantasioso e descontraído, Better Man torna essa ideia muito fácil de aderir. Com menos de 30 minutos fica bem tranquilo de absorver a proposta, e uma vez que se faz isso, o musical segura a mão do espectador e o leva nessa jornada que empolga do início ao fim. 

Cena de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

Algo que a trama sabe fazer bem é nortear quem não conhece a carreira de Robbie, e para isso, existem dois recursos importantes. O primeiro, é a narração do próprio Williams durante toda a obra, o que, na maioria das vezes, torna-se enfadonho de se acompanhar, mas seus comentários sempre surgem no momento certo e complementam o que estamos vendo em cena. 

Já o segundo recurso diz respeito às próprias canções. Temos músicas do Take That, como de sua carreira solo, e até mesmo, covers de outros artistas, como Frank Sinatra, grande inspiração da carreira de Robbie. O filme não se preocupa em contar exatamente a origem das canções, ou o momento da carreira em que ela foi apresentada, mas sim, usá-las como o momento que faz a história ir pra frente. Então, por exemplo, existe uma cena em que uma música solo de Robbie Williams é performada juntamente do Take That, mas isso nunca aconteceu de fato.

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A trama está mais preocupada em usar a história do cantor como um espetáculo. Quase como se estivéssemos assistindo a uma peça de teatro, algo que o próprio filme brinca um pouco a respeito. O longa também reserva alguns momentos para situar quem está assistindo no movimento britpop. É claro que não haveria espaço para falar sobre isso em sua plenitude, já que o foco é outro, mas o pouco que há para falar, é o suficiente para entendermos o que estava acontecendo. 

Cena de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

Há menções às Spice Girls, All Saints, e outros artistas do período, mas de longe, a banda mais citada, seja pela música ou por outros fatores, é o Oasis. Robbie faz questão de deixar claro em entrevistas, e também no filme, sobre como o grupo liderado pelos irmãos Gallagher foi importante para impulsionar sua carreira, seja influenciando a sonoridade de algumas canções, como também servindo para alimentar a mídia com uma possível rivalidade entre eles. 

Existe um capítulo sobre Nicole Appleton, uma das integrantes da girlband All Saints, que viveu um casamento conturbado com o cantor. Também há passagens dedicadas a falar sobre sua família, o que é necessário para explicar diversos momentos da trama, que mostram como mãe, avó e pai moldaram ele para bem ou para mal.

Imagem promocional de ''Better Man''. Foto: Reprodução/Searchlight Pictures

Em um momento em que cinebiografias de artistas são cada vez mais envoltas por uma fórmula e musicais parecem ter vergonha de se mostrarem como tal, Better Man tem a coragem de nadar a maré, mesmo tropeçando em alguns momentos. É divertido quando precisa ser, emocionante na dose certa, e te deixa querendo ouvir as marcantes canções de Robbie Williams por dias. 

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