O filme, como o nome sugere, trata metaforicamente (ou não) do revolucionário movimento arquitetônico presente em muitos lugares da Europa e do mundo. Aqui, porém, o brutalismo serve como pano de fundo para acompanharmos a história de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto que, fugindo da perseguição aos judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, vai para os EUA em busca de recomeçar.
A ideia do sonho americano já foi explorada exaustivamente no cinema estadunidense, especialmente em narrativas sobre imigrantes em conflito com o capitalismo selvagem. Em O Brutalista, não é diferente: o personagem de Brody nunca se sente totalmente em casa, enfrentando situações que ameaçam seu sustento e a reputação que tenta construir. Curiosamente, o filme joga com a ambiguidade entre ficção e realidade — muitos espectadores podem acreditar, inicialmente, que se trata de uma biografia, mas a história é inteiramente fictícia.
A direção calculista de Brady Corbet e o design de produção imponente (por vezes árido, como as próprias construções brutalistas) mergulham o espectador na saga de László. Seus projetos ambiciosos, como o centro comunitário encomendado pelo personagem de Guy Pearce, simbolizam tanto sua ascensão quanto o risco de sua queda. A trilha sonora, usada com precisão cirúrgica, complementa as cenas como uma extensão emocional da narrativa.
O roteiro afiado aborda temas universais: o desprezo histórico aos imigrantes, a arte como refúgio e a obsessão pela criação. O filme é denso e contemplativo, mas não arrastado. Dividido em duas partes e um epílogo, inclui um intervalo de 15 minutos no meio, estratégia que permite ao espectador assimilar a primeira metade antes de mergulhar na segunda — onde a trama se expande para explorar a chegada da esposa de László, Erzsébet (Felicity Jones), e sua sobrinha, que ele julgava mortas e reaparecem em sua vida anos depois.
Felicity Jones brilha em cenas-chave, dando profundidade à narrativa. Brody, por sua vez, recria a intensidade de papéis como em O Pianista (2002), enquanto Joe Alwyn (conhecido por A Favorita) rouba cenas em momentos pontuais.
Em resumo, O Brutalista é um filme desafiador — com suas 3 horas e 35 minutos —, mas que recompensa o espectador com uma reflexão poderosa sobre resistência, arte e pertencimento.
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