Wicked é a adaptação cinematográfica há muito aguardada do musical da Broadway que conquistou plateias ao recontar a origem das bruxas de O Mágico de Oz, essa que é uma das obras mais marcantes da cultura pop. Dirigido por Jon M. Chu, o filme divide a história em duas partes, mas a primeira já se sustenta como uma obra completa, equilibrando espetáculo visual, números musicais grandiosos e uma narrativa que explora temas como preconceito, poder e identidade.
A trama acompanha Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem de pele verde rejeitada por sua diferença, e Glinda (Ariana Grande), a popular e ambiciosa futura "Bruxa Boa". O filme mergulha em sua improvável amizade na Universidade Shiz, enquanto Oz enfrenta tensões políticas e sociais, como a opressão aos animais falantes – um subtexto inteligente que critica sistemas de controle e discriminação. Apesar de ser apenas a "Parte 1", o roteiro consegue fechar arcos emocionais de forma satisfatória, deixando o público ansioso pelo que vem a seguir, mas sem sensação de incompletude.
O maior trunfo do filme é a química entre Cynthia Erivo e Ariana Grande. Erivo, com sua presença magnética e voz poderosa, entrega uma Elphaba complexa, misturando vulnerabilidade e rebeldia. Já Grande surpreende como Glinda, equilibrando comédia, vaidade e uma evolução sutil rumo à maturidade. Suas cenas juntas, especialmente Defying Gravity e For Good, são momentos de pura magia, capturando a essência do musical original enquanto acrescentam camadas cinematográficas. Aliás, vale ressaltar que as atrizes do musical original aparecem no filme em determinado momento.
Oz ganha vida em tons de verde esmeralda e rosa vibrante, cores que definem as protagonistas. A direção de arte é impecável, transformando cenários caóticos – como a Cidade Esmeralda e a Universidade Shiz – em ambientes coerentes e encantadores. Michelle Yeoh, como a enigmática Madame Morrible, rouba cenas com sua autoridade e mistério. No entanto, o CGI oscila: enquanto criaturas como o macaco alado Chistery são impressionantes, algumas cenas parecem artificiais, quebrando a imersão.
Com 2h40 de duração, Wicked exige paciência, mas recompensa com números musicais elaborados e momentos dramáticos bem construídos. Jon M. Chu, conhecido por In the Heights (2021), entende a linguagem dos musicais, alternando entre coreografias exuberantes (como Dancing Through Life) e cenas intimistas. A trilha sonora, fiel ao musical, ganha novos arranjos orquestrais que amplificam sua grandiosidade.
O filme não é imune a falhas. Algumas subtramas, como o romance entre Fiyero (Jonathan Bailey) e Glinda, parecem apressadas, e Oz de Jeff Goldblum, embora carismático, carece de profundidade. Além disso, o ritmo perde fôlego em certos momentos, além de às vezes a obra causar uma sensação de que parece estar dando voltas em círculo sem avançar.
Wicked é um triunfo para fãs do musical e um respiro fresco no cenário de blockbusters que parecem ficar cada vez menos singulares. Cynthia Erivo e Ariana Grande elevam o filme com performances memoráveis, e a ousadia visual de Jon M. Chu transforma Oz em um universo tão fascinante quanto perturbador. Apesar de imperfeições técnicas e narrativas, a obra cumpre sua promessa: fazer o público acreditar que até bruxas ''más'' podem ter uma história digna de ser contada.
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