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Internacional Crítica

Wicked (2024): Um musical que desafia a gravidade (e as expectativas)

Filme está indicado ao Oscar 2025 de Melhor Filme

12/02/2025 22h56 Atualizada há 4 semanas
Por: Gabriel Araújo
Imagem promocional de ''Wicked''. Foto: Reprodução/Universal Studios.
Imagem promocional de ''Wicked''. Foto: Reprodução/Universal Studios.

Wicked é a adaptação cinematográfica há muito aguardada do musical da Broadway que conquistou plateias ao recontar a origem das bruxas de O Mágico de Oz, essa que é uma das obras mais marcantes da cultura pop. Dirigido por Jon M. Chu, o filme divide a história em duas partes, mas a primeira já se sustenta como uma obra completa, equilibrando espetáculo visual, números musicais grandiosos e uma narrativa que explora temas como preconceito, poder e identidade.

A trama acompanha Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem de pele verde rejeitada por sua diferença, e Glinda (Ariana Grande), a popular e ambiciosa futura "Bruxa Boa". O filme mergulha em sua improvável amizade na Universidade Shiz, enquanto Oz enfrenta tensões políticas e sociais, como a opressão aos animais falantes – um subtexto inteligente que critica sistemas de controle e discriminação. Apesar de ser apenas a "Parte 1", o roteiro consegue fechar arcos emocionais de forma satisfatória, deixando o público ansioso pelo que vem a seguir, mas sem sensação de incompletude.

Ariana Grande e Cynthia Erivo em cena de ''Wicked''. Foto: Reprodução/Universal Studios.

O maior trunfo do filme é a química entre Cynthia Erivo e Ariana Grande. Erivo, com sua presença magnética e voz poderosa, entrega uma Elphaba complexa, misturando vulnerabilidade e rebeldia. Já Grande surpreende como Glinda, equilibrando comédia, vaidade e uma evolução sutil rumo à maturidade. Suas cenas juntas, especialmente Defying Gravity e For Good, são momentos de pura magia, capturando a essência do musical original enquanto acrescentam camadas cinematográficas. Aliás, vale ressaltar que as atrizes do musical original aparecem no filme em determinado momento.

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Michelle Yeoh em cena de ''Wicked''. Foto: Reprodução/Universal Studios.

Oz ganha vida em tons de verde esmeralda e rosa vibrante, cores que definem as protagonistas. A direção de arte é impecável, transformando cenários caóticos – como a Cidade Esmeralda e a Universidade Shiz – em ambientes coerentes e encantadores. Michelle Yeoh, como a enigmática Madame Morrible, rouba cenas com sua autoridade e mistério. No entanto, o CGI oscila: enquanto criaturas como o macaco alado Chistery são impressionantes, algumas cenas parecem artificiais, quebrando a imersão.

Com 2h40 de duração, Wicked exige paciência, mas recompensa com números musicais elaborados e momentos dramáticos bem construídos. Jon M. Chu, conhecido por In the Heights (2021), entende a linguagem dos musicais, alternando entre coreografias exuberantes (como Dancing Through Life) e cenas intimistas. A trilha sonora, fiel ao musical, ganha novos arranjos orquestrais que amplificam sua grandiosidade.

Jeff Goldbum em cena de ''Wicked''. Foto: Reprodução/Universal Studios.

O filme não é imune a falhas. Algumas subtramas, como o romance entre Fiyero (Jonathan Bailey) e Glinda, parecem apressadas, e Oz de Jeff Goldblum, embora carismático, carece de profundidade. Além disso, o ritmo perde fôlego em certos momentos, além de às vezes a obra causar uma sensação de que parece estar dando voltas em círculo sem avançar.

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Wicked é um triunfo para fãs do musical e um respiro fresco no cenário de blockbusters que parecem ficar cada vez menos singulares. Cynthia Erivo e Ariana Grande elevam o filme com performances memoráveis, e a ousadia visual de Jon M. Chu transforma Oz em um universo tão fascinante quanto perturbador. Apesar de imperfeições técnicas e narrativas, a obra cumpre sua promessa: fazer o público acreditar que até bruxas ''más'' podem ter uma história digna de ser contada.

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