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Internacional Crítica

A Substância (2024): A juventude é efêmera, mas a arte de Demi Moore é eterna.

Longa chocou o público de Cannes e conquistou a internet

03/02/2025 18h05 Atualizada há 4 dias
Por: Gabriel Araújo
Demi Moore em cena de ''A Substância''. Foto: Reprodução/MUBI
Demi Moore em cena de ''A Substância''. Foto: Reprodução/MUBI

A Substância, dirigido pela cineasta francesa Coralie Fargeat, teve sua estreia mundial no Festival de Cannes em 2024, onde causou furor. O filme foi recebido com uma ovação de 12 minutos e dividiu a crítica: enquanto alguns elogiaram sua ousadia e relevância, outros criticaram sua abordagem visceral e perturbadora. Apesar das opiniões polarizadas, o longa conquistou o prêmio de Melhor Roteiro e uma menção especial por sua direção de arte, consolidando Fargeat como uma das vozes mais audaciosas do cinema contemporâneo. A repercussão nas redes sociais foi imediata, com cenas específicas e a atuação de Demi Moore viralizando e gerando debates acalorados sobre envelhecimento, misoginia e a indústria do entretenimento. A trajetória do filme até o Oscar foi marcada por uma campanha intensa, culminando em cinco indicações, nas categorias de Roteiro Original, Cabelo e Maquiagem, Direção, Melhor Atriz e Melhor Filme.

Demi Moore em cena de ''A Substância''. Foto: Reprodução/MUBI

Coralie Fargeat, em seu segundo longa-metragem, mergulha o espectador em um retrato cru e visceral do show business, expondo a forma brutal como a indústria descarta suas estrelas quando o brilho da juventude se apaga. A Substância é um filme que choca, provoca e reflete, com uma narrativa que vai além da superfície, explorando temas como envelhecimento, obsolescência e a desumanização das celebridades. 

Demi Moore, em uma das atuações mais poderosas de sua carreira, carrega o filme nas costas com uma performance cheia de nuances e profundidade. Sua trajetória pessoal no cinema – onde foi relegada ao ostracismo após perder o status de "sex symbol" – parece ecoar em sua personagem, Elisabeth Sparkle, adicionando uma camada de realismo e melancolia à obra. Moore entrega uma interpretação que é ao mesmo tempo vulnerável e intensa, conseguindo transmitir a dor e a raiva de quem é descartado por um sistema implacável.

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Margaret Qualley em cena de ''A Substância''. Foto: Reprodução/MUBI

Margaret Qualley, como a "segunda versão" da personagem de Moore, Sue também brilha, criando uma personalidade distinta e contrastante que acentua o conflito central do filme. A dinâmica entre as duas atrizes é um dos pontos altos da obra, destacando a dualidade entre o novo e o velho, o descartável e o eterno.

Fargeat demonstra uma maturidade impressionante em sua direção, com referências claras ao design de produção meticuloso de Stanley Kubrick, especialmente na fotografia e na direção de arte. Cada quadro é cuidadosamente composto, criando uma atmosfera que oscila entre o surreal e o grotesco. A estética do filme é perturbadora e hipnótica, reforçando a mensagem crítica sobre a obsessão da sociedade com a juventude e a beleza.

Cena de ''A Substância''. Foto: Reprodução/MUBI

No entanto, é importante ressaltar que não é um filme fácil de digerir. Sua abordagem crua e muitas vezes chocante pode afastar espectadores mais sensíveis, mas é justamente essa ousadia que o torna tão relevante. A diretora não tem medo de confrontar o espectador com questões incômodas, fazendo do filme uma experiência que permanece na mente muito depois que os créditos rolam.

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A Substância é uma obra poderosa, que combina uma direção visionária com atuações memoráveis. Demi Moore está no auge de sua forma, e Coralie Fargeat consolida seu lugar como uma das vozes mais interessantes do cinema contemporâneo. Um filme que, apesar de difícil, é essencial para quem busca reflexões profundas sobre a natureza efêmera da fama e o preço da eterna juventude.

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