O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu a retirada da população palestina da Faixa de Gaza para uma "limpeza" do território.
A proposta do republicano, apresentada no sábado (25), traz como medida o envio de palestinos ao Egito e Jordânia. Aliados do governo americano aprovam projeto.
"Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas, e simplesmente limparemos tudo isso", disse Trump. Ele se referiu a Gaza como um "local de demolição" e disse que a medida poderia ser "temporária ou de longo prazo".
Trump afirmou que havia conversado com o rei Abdullah II, da Jordânia. "Eu disse a ele que adoraria que você assumisse mais porque estou olhando para toda a Faixa de Gaza agora e está uma bagunça, uma bagunça de verdade. Eu gostaria que ele levasse pessoas", disse Trump sobre uma ligação no sábado o rei.
O republicano esperava falar com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, neste domingo (26). "Gostaria que o Egito levasse as pessoas", disse ele, a bordo do Air Force One, o avião presidencial.
A ideia foi elogiada pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich. "A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, [os palestinos] poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares", disse Smotrich, em comunicado.
"Durante anos, os políticos propuseram soluções inviáveis, como a divisão da terra e a criação de um Estado palestino, o que colocou em risco a existência e a segurança do único Estado judeu do mundo", acrescentou o ministro.
A maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada, alguns deles várias vezes. A guerra no território foi desencadeada pelo ataque do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.
Aliados do Hamas reagem à proposta: 'Deplorável'
O grupo palestino Jihad Islâmica condenou a iniciativa de Trump. Em comunicado neste domingo, eles disseram considerar a proposta "deplorável" e afirmaram que ela "alimenta crimes de guerra".
"Esta proposta é enquadrada como incentivo a crimes de guerra e crimes contra a humanidade ao forçar nosso povo a deixar sua terra", afirmou o grupo. Eles lutavam ao lado do Hamas na guerra com Israel em Gaza até a trégua, estabelecida em 19 de janeiro.
Uma autoridade de alto escalão do Hamas declarou à AFP que o grupo palestino fará oposição à proposta do republicano. "Assim como eles frustraram todos os planos de deslocamento e terras alternativas por décadas, nosso povo também frustrará tais projetos", disse Bassem Naim, membro do escritório político do grupo islamista, referindo-se aos comentários de Trump.
À Reuters, Naim disse que os palestinos "não aceitarão nenhuma oferta ou solução". "Mesmo que [tais ofertas] pareçam ter boas intenções sob o pretexto de reconstrução, conforme anunciado nas propostas do presidente dos EUA, Trump", completou.
Outra autoridade do Hamas, Sami Abu Zuhri, pediu a Trump que não repetisse ideias "fracassadas" tentadas por seu antecessor Joe Biden. "O povo de Gaza suportou a morte e se recusou a deixar sua terra natal e não a deixará independentemente de quaisquer outros motivos", disse à Reuters.
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