Tem dias que o tempo não passa, assim como não passa a vontade de fugir da realidade. A vida adulta se tornou tão cansativa, tão atropelada que as vezes parece que não daremos conta.
Não dá para viver de deverias, seria insano viver no futuro do pretérito, com muitos “querias”, “gostarias”, “poderias” entre outros, acomodados na conjugação de um passo que poderia ter acontecido e nunca aconteceu.
Com a sensação de que nós sempre poderíamos ter feito mais, mas fiz menos, por isso permaneço no mesmo lugar. E acabamos vivendo em uma eterna autoculpabilização, mas que na maioria dos casos nos culpamos de coisas que nem temos controle.
No entanto, é preciso acreditar que podemos, mesmo diante dos “deverias” continuar caminhando, ou seja, permanecer em movimento, mas também é importante entender que terá dias que será difícil dar uma nova passada, principalmente quando ainda não conseguimos ver os efeitos ou resultados das passadas anteriores.
Por vezes temos que dar passos largos acreditando que o solo estará firme quando nosso pé aterrissar, pois se pararmos para olhar cada passo dado corremos o risco de nos desequilibrar, além de perder o ritmo e a confiança no que ainda não alcançamos, é sobre confiar onde estamos pisando, sobre confiar no processo.
Mas infelizmente existe uma variação de humor própria da humanidade, para uns mais e outros menos, que nos faz questionar os passos que já demos e os que ainda virão, nem sempre conseguiremos carregar conosco o otimismo que nos faz acreditar, tem dias que o pessimismo ganha um espaço maior do que gostaríamos de dar, mesmo entendendo da sua importância nas nossas decisões. Já que o pessimismo nos ajuda a planejar e a ter cautela em relação ao caminho que iremos seguir.
Na verdade, chego a pensar que estamos conjugando nosso tempo de forma que já nos coloca em um lugar de não realização. Quando já trazemos no início da frase “eu deveria...”, já nos atesta que não somos capazes, e que muitas vezes essa é uma expectativa de outra pessoa ou até mesmo da sociedade.
Estamos vivendo em um passado recente, mas que continua sendo passado e como tal não nos possibilita uma ação nova. É preciso trazer nosso corpo e nossa mente para viver o tempo presente, não temos que nada, não deveríamos que nada também, é preciso estar atento ao que nos é possível hoje e ao que realmente é nosso.
Sonhar, desejar e acreditar é muito bom, mas viver nossa realidade ultrapassar tudo isso.
Glaciliana Angelo
Psicóloga Clínica - CRP 11/12950
@glacilianaangelo
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