20°C 35°C
Sobral, CE
Publicidade

Abin paralela: veja lista de autoridades e jornalistas que foram espionadas

Ministros do STF, deputados, senadores, governador, jornalistas e servidores do Ibama e da Receita Federal estão na lista de pessoas monitoradas.

Thales Menezes
Por: Thales Menezes Fonte: G1
12/07/2024 às 07h19 Atualizada em 15/07/2024 às 05h03
Abin paralela: veja lista de autoridades e jornalistas que foram espionadas
Foto: Reprodução / Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou nesta quinta-feira (11) o sigilo da mais recente fase da Operação Última Milha – que, desde 2023, investiga o possível uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro (PL).

Conforme as investigações da Polícia Federal, no esquema que ficou conhecido como Abin paralela, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas.

  • Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux
  • Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, Joice Hasselmann e Jean Wyllys (PSOL). E os senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado.
  • Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
  • Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

Segundo as apurações da PF, essas pessoas foram alvo de ações da Abin paralela, que, inclusive, criou perfis falsos e fez a divulgação de fake news.

Continua após a publicidade

Sistema eleitoral

De acordo com as investigações da PF, diálogos entre os investigados Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet indicaram "possíveis ações clandestinas" contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com o objetivo de levantar suspeitas sobre a credibilidade do sistema eleitoral.

Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet foram alvos de mandados de prisão durante operação nesta quinta-feira.

Continua após a publicidade

Familiares de Bolsonaro

A Polícia Federal também observa no relatório que foi divulgado nesta quinta-feira que houve uma "instrumentalização" da Abin para monitorar pessoas relacionadas às investigações que envolvem familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Por exemplo, em relação a uma investigação sobre Jair Renan Bolsonaro – o filho 04 do ex-presidente, a PF – verificou o monitoramento de Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan, e Luís Felipe Belmonte.

Continua após a publicidade

Sistema eleitoral

De acordo com as investigações da PF, diálogos entre os investigados Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet indicaram "possíveis ações clandestinas" contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com o objetivo de levantar suspeitas sobre a credibilidade do sistema eleitoral.

Conforme as investigações da PF, a Abin teria sido utilizada, de forma clandestina, contra o senador Alessandro Vieira, que participava da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid do Senado.

O colegiado apurou possíveis irregularidades praticadas pelo governo Bolsonaro na condução da pandemia da Covid-19 no país. Ao final dos trabalhos, a comissão propôs o indiciamento do ex-presidente, ex-ministros e de uma série de pessoas ligadas a Jair Bolsonaro.

Alessandro Vieira apresentou um requerimento para que Carlos Bolsonaro, o filho 02 de Jair Bolsonaro, prestasse esclarecimentos à CPI e também para que fossem quebrados os sigilos bancário, fiscal, telefônico e de mensagens do vereador do Rio de Janeiro.

Nesse contexto, os investigados Marcelo Bormevet e Giancarlo Rodrigues teriam atuado para produzir "desinformação" sobre Alessandro Vieira.

Os policiais destacam o seguinte diálogo entre Giancarlo e Bormevet:

  • Giancarlo: "Senador Alessandro Vieira que está na CPI".
  • Bormevet: "Somente lixos". "Vamos difundir isto. Pede pra marcar o CB (Carlos Bolsonaro)"
  • Giancarlo: "Já estou municiando o pessoal".

Os policiais destacam que a difusão de desinformação ocorria com "marcação" de integrante do núcleo político do esquema ilegal, no caso, Carlos Bolsonaro.

Cinco mandados de prisão

Segundo a PF, na fase da Operação Última Milha deflagrada nesta quinta, os policiais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

São alvos dos mandados de prisão e de busca e apreensão:

  1. Mateus de Carvalho Sposito;
  2. Richards Dyer Pozzer;
  3. Rogério Beraldo de Almeida;
  4. Marcelo Araújo Bormevet;
  5. Giancarlo Gomes Rodrigues.

De acordo com a Polícia Federal, todos foram presos pelos agentes da corporação.

Há ainda buscas contra outros dois investigados:

  1. José Matheus Sales Gomes;
  2. Daniel Ribeiro Lemos.

Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Isso, porque a Operação Última Milha começou a partir das investigações do inquérito das fake news.

Na decisão, Moraes também determina que os investigados não podem conversar entre si.

Além dos nomes acima, estão incluídos nessa regra: Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, Carlos Magno de Deus Rodrigues, Felipe Arlotta Freitas, Henrique César Prado Zordan e Luiz Felipe Barros Félix.

De acordo com a PF, investigadores descobriram que "membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas".

"A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos", diz a PF.
Se as condutas forem confirmadas, os investigados podem ser indiciados pela Polícia Federal e, em seguida, denunciados à Justiça.

A PF vê, de forma preliminar, possíveis crimes de:

  • organização criminosa;
  • tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito;
  • interceptação clandestina de comunicações;
  • invasão de dispositivo informático alheio;

Fases anteriores

Em outubro de 2023, a PF também fez buscas e afastou ex-diretores da Abin que atuavam na agência durante a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem – hoje, deputado federal pelo PL do Rio.

Naquele momento, também foram presos dois servidores que, por terem conhecimento do suposto esquema, teriam coagido colegas para evitar uma possível demissão: Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky.

O software contratado pela Abin e usado de forma irregular era o FirstMile, comercializado pela empresa israelense Cognyte.

Segundo os investigadores, apesar do encerramento formal do contrato em 2021, há indícios de que o uso do sistema se intensificou nos últimos anos do governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Sobral, CE
33°
Tempo limpo
Mín. 20° Máx. 35°
33° Sensação
2.24 km/h Vento
34% Umidade
0% (0mm) Chance chuva
05h49 Nascer do sol
05h49 Pôr do sol
Terça
31° 21°
Quarta
34° 21°
Quinta
34° 22°
Sexta
34° 23°
Sábado
35° 21°
Economia
Dólar
R$ 5,57 +0,20%
Euro
R$ 6,51 +0,19%
Peso Argentino
R$ 0,00 +2,44%
Bitcoin
R$ 709,479,78 +1,85%
Ibovespa
135,308,45 pts -0.65%