Prelúdios são bastante comuns em franquias blockbuster. Dentre exemplos que podem ser citados, temos a segunda trilogia de ‘’Star Wars’’, ‘’Prometheus’’, ‘’Animais Fantásticos’’, e mais. Nem sempre agradando a todos, histórias que retratam acontecimentos anteriores de algum universo já concebido no cinema tendem a acrescentar onde não havia necessidade de ter mais substância.
Entretanto, nos últimos tempos, tem se observado uma movimentação em Hollywood que traz filmes que parecem adicionar um tempero a mais em produções que já conhecemos. Temos casos recentes como Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes, Furiosa: Uma Saga Mad Max, e chegamos no assunto desse texto.
A franquia Um Lugar Silencioso deu as caras pela primeira vez lá em 2018, com uma surpreendente estreia de John Krasinski na direção, passando bem longe da persona que interpretou por tanto tempo na série The Office. O longa com uma proposta diferenciada, retratando um clima de tensão em meio à ausência de som foi um grande sucesso, que anos depois, rendeu uma Parte Dois, lançada em 2020. Apesar de não ter sido bem sucedida como o antecessor, ainda chamou a atenção do público.
Chegamos em 2024 com o lançamento de Um Lugar Silencioso: Dia Um. Agora voltamos para exatamente o início de tudo. É certo que a Parte Dois já abre mostrando a chegada dos alienígenas na Terra, mas a sequência é bastante curta, sendo apenas um aperitivo para entendermos a origem das coisas, mas claro que isso provavelmente foi pensado como um artifício gerador de interesse do público.
A ideia aqui é simples. Sam (Lupita Nyong’o) se vê diante do fim do mundo e resolve… comer uma pizza. No meio do caminho, encontra, além de personagens que aparecerão mais à frente na franquia, o estudante de Direito, Eric (Joseph Quinn), que tem constantes ataques de pânico. Juntos, os dois, acompanhados do gato Frodo, resolvem seguir esse objetivo simples, mas que não será nada fácil de se realizar.
O grande trunfo de ‘’Um Lugar Silencioso: Dia Um’’ está na forma simples que se desenrolam os acontecimentos, além da própria execução técnica das coisas. Falando da atuação, tem que se destacar Lupita. A atriz é dona de uma grande expressividade, e não é de agora, já que temos vários exemplos de atuações excelentes dela, e aqui não é diferente. Seu maior destaque em especial é a sequência inicial do filme, que é o ponto alto. O desespero da situação emergencial que se gera é apresentado ao espectador de maneira que ficamos totalmente imersos junto com a personagem em meio à uma Nova Iorque, que acostumada a um barulho permanente, é forçada a se silenciar por completo, em maio ao desconhecimento das criaturas que acabam de chegar à Terra.
Com sequências muito próximas de situações reais que já vimos acontecer nessa cidade, o filme faz um ótimo trabalho em nos apresentar a ideia do que vamos ver de uma maneira muito simples e bem resolvida dentro de si. Sam, enfrentando um câncer em estado terminal, já não sente muita esperança na vida e apenas quer viver o tempo que lhe resta fazendo algo que lhe dê prazer, mas Eric surge em seu caminho, e perdido em meio a tudo, decide segui-la para tentar sobreviver.
Aqui é um ponto que eu acho que esse filme brilha. Abordar a questão da saúde mental dos personagens em meio a uma situação de possível fim da humanidade é algo que não lembro de ver em muitas produções. Eric, por exemplo, tem constantes ataques de pânico quando está diante de uma situação tensa. O fato de estarem na companhia de um gato, que costuma ser um conforto e amparo para pessoas em momentos difíceis, gera situações que torcemos para que nada aconteça com ele, e como esse gato atua bem!
Sendo bem curto, o filme é direto ao ponto no que quer abordar, e vai para um caminho diferente do que os dois anteriores. Se no primeiro puxa mais pro Terror, e o segundo vai pro caminho do Suspense, Dia Um foca mais no drama e na situação individual dos personagens, mas não se poupa de ter momentos que geram bastante aflição no espectador, especialmente na sequência final. Construído de maneira simples mas envolvente, Um Lugar Silencioso Dia Um torna-se uma grande adição a uma das franquias mais interessantes dos últimos anos. Resta saber se ainda há lenha para queimar dentro deste universo, expandindo os olhares para outras temáticas.
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